terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pai de Joanna é transferido para presídio de Bangu 8, no Rio

Madrasta também foi denunciada pelo Ministério Público.
Audiência sobre falso médico que atendeu a menina será nesta terça.

Foi transferido para o presídio de Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, na manhã desta terça-feira (26), o pai de Joanna Marcenal, que morreu de meningite no início de agosto. Ele saiu escondendo o rosto com as mãos. André Marins foi preso na noite de segunda-feira (25). Sua mulher, Vanessa Maia, madrasta da menina, também foi denunciada pelo Ministério Público. Eles negam o crime.
Segundo o delegado Luís Henrique Pereira, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima, responsável pelas investigações, André passou a noite numa cela improvisada numa sala da delegacia e dormiu em um colchonete.
Essa história vai ficar colada em mim', diz mãe
Na manhã desta terça-feira (26), a mãe de Joanna, Cristiane Marcenal, disse, em entrevista ao programa Mais Você, que se emocionou com a prisão de André. “Quando recebi a notícia, chorei muito. Não queria que nada disso tivesse acontecido. Essa história de filha torturada e morta vai ficar colada o resto da vida em mim”, disse.
Cristiane disse ainda que é um alívio ver que a Justiça foi feita. “Ontem falei com meu marido que toda a sociedade do Rio vai dormir com a sensação de que existe Justiça neste estado. MP e DCAV fizeram o que tinha que ser feito. O prédio que tem no Centro não está só para enfeitar, ele existe para fazer Justiça”, disse Cristiane.
MP condena atuação de madrasta
Joanna morreu após ficar em coma
 
Joanna morreu em agosto, após ficar quase 1 mês
em coma (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)
A promotora Ana Lúcia Melo afirmou, na tarde de segunda-feira (25), que a madrasta de  Joanna teve uma atuação tão grave na morte da menina quanto a do pai dela.
“A Vanessa, por todo tempo, tinha o domínio final do fato. Ela residia na mesma casa que o André (o pai da menina), ela tem com ele duas meninas de idade próximas, ela participava e acompanhava tudo o que era feito”, afirmou a promotora.
Segundo Ana Lúcia, a relação da madrasta com a enteada ficou clara quando o pai da menina fez um registro de ocorrência na delegacia, alegando que tinha sido agredido a cadeiradas pela mulher. O motivo foi que os pais dele, avós da Joanna, haviam feito uma festa para a criança e a madastra não teria ficado satisfeita.
Penas podem chegar a 40 anos
A promotora revelou que há 26 registros de ocorrência contra o pai de Joanna, entre eles dois por agressão à mulher grávida. Além disso, André Rodrigues Marins já foi acusado de desobediência à ordem judicial e enquadrado na Lei Maria da Penha.
A denúncia de tortura, segundo a promotora, foi por conta das queimaduras, os hematomas e a constatação de distúrbio psicológico da criança. O crime de homicídio, explicou Ana Lúcia, foi devido ao fato dos dois se omitirem nos episódios e assumirem o risco da morte da criança. As penas somadas podem chegar a mais de 40 anos.
Audiência do falso médico será nesta terça-feira
A Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ) da médica Sarita Fernandes Pereira e do ex-estudante de medicina que atuava como falso médico e que atendeu Joanna será nesta terça-feira (26). A determinação foi do juiz da 3ª Vara Criminal da Capital, Guilherme Schilling Pollo Duarte. A médica está presa e o falso médico segue foragido.
DCAV divulga fotos do falso médico que liberou menina desacordada
 
Falso médico que liberou a menina desacordada
está foragido (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Segundo o Tribunal de Justiça, serão ouvidas as testemunhas do MP, da assistente de acusação e as testemunhas das defesas. O TJ afirmou que dentre outros crimes, a médica é acusada de homicídio doloso, na forma omissiva, e o falso médico, por exercício ilegal da medicina com resultado da morte da menina Joanna.
Entenda o caso
Joanna era alvo da disputa dos pais desde o nascimento e morreu depois de ficar quase um mês em coma. Ela estava internada em um hospital no Rio de Janeiro em coma desde o dia 19 de julho. Antes, ela foi atendida e liberada num hospital na Zona Oeste, por um falso médico, que teve a prisão preventiva decretada no dia 10 de setembro.
O laudo do Instituto Médico Legal apontou meningite como a causa da morte, mas sinais de hematomas e queimaduras em diversos pontos do corpo da menina levaram a polícia a investigar o caso como maus-tratos. Para o MP, no entanto, a menina foi vítima de tortura.
Ainda segundo a denúncia do MP, os acusados assumiram o risco da morte da criança "de forma omissiva", já que a menina somente foi levada ao Hospital Rio Mar já em situação crítica, local onde teve "atendimento médico impróprio". Foi neste hospital que ela foi atendida pelo falso médico, que teva a prisão decretada e está foragido, e pela médica Sarita Fernandes Pereira, já presa. De acordo com parecer técnico, quando Joanna foi levada ao hospital ela tinha apenas 30% de probabilidade de recuperação.
Esses fatos, de acordo com o MP, caracterizam o crime de homicídio.

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